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A partir do exercício deste ano, as empresas de capital aberto e bancos passam, obrigatoriamente, a ter que elaborar suas demonstrações financeiras consolidadas seguindo o padrão contábil internacional-International Financial Reporting Standards (IFRS). Mas será que as empresas brasileiras já estão prontas para seguira norma que está em vigor na Europa desde 2005? Segundo Eliseu Martins, professor e presidente do conselho curador da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,Atuariais e Financeiras (Fipecafi), as empresas estão em estágios variados no que diz respeito a essa convergência internacional. “Algumas se anteciparam e já apresentaram os balanços de 2009 no novo formato. Ao mesmo tempo, outras engatinham e ainda têm muito a fazer”, diz Martins, lembrando que na Europa essa adaptação também não foi tão rápida.

As empresas que terão que fazer mudanças mais significativas em seus balanços são, principalmente, as concessionárias de serviços como energia, saneamento básico, rodovias, serviços públicos e algumas que se dedicam à atividade agrícola, com grandes estoques de gado (frigoríficos) e florestas (indústrias de papel e celulose), por exemplo.

Martins destaca as mudanças que podem atingir as atividades imobiliárias.

Hoje, construtoras e incorporadoras apuram o lucro dos imóveis ao mesmo tempo em que executam a obra nas unidades já vendidas. Com as novas regras, existe o risco de as empresas do setor não poderem mais adotarem esse procedimento, pois somente poderão apurar o lucro quando toda a obra for entregue.

O professor da Fipecafi lembra que os contratos das construtoras e incorporadoras variam entre si. Por isso, elas podem sofrer mais ou menos com as novas regras.

“Apurar o lucro durante a construção, só se a construtora ou incorporadora for apenas uma prestadora de serviços, como acontece, por exemplo, no programa Minha Casa, Minha Vida. Nesse caso, a Caixa Econômica Federal (CEF) é quem comercializa as unidades e corre o risco. A construtora é apenas prestadora de serviço, então ela pode reconhecer o lucro antes de a obra ser totalmente entregue.” Martins explica que, para a maioria das empresas comerciais e industriais, que não têm operações com derivativos complexos, as mudanças são mínimas. “Isso porque o país já opera comum modelo reconhecido no mundo de boa contabilidade, pois a Comissão de Valores Mobiliários Concessionárias e setor imobiliário precisarão fazer as mudanças mais significativas para se adequar às regras contábeis internacionais sempre foi diligente em adotar as mudanças boas que acontecem lá fora, como nos fundos de pensão. Além disso, a adoção do IFRS, tornando os balanços mais transparentes, também fará com que o custo do capital fique mais barato, beneficiando a economia.” Martins analisa que as empresas de capital aberto e o relacionamento com os investidores ainda têm um bom caminho a percorrer. “Não é só a contabilidade que deve ficar atenta. A empresa toda deve se reposicionar, porque essa mudança vai ser cobrada em 2011”, conclui.

AVALIAÇÃO MAIS FÁCIL

O padrão IFRS é muito bom para o mercado, de acordo com Geraldo Soares, superintendente de RI do Itaú Unibanco, pois vai tornar mais fácil a avaliação e a opção de uma instituição financeira, ou uma empresa estrangeira, de investirem negócios no Brasil. “É um ganho para todo mundo. Um banco alemão, por exemplo, vai poder analisar com mais facilidade os balanços das empresas e elevar seus investimentos em renda variável.” Com relação à atuação da área de RI do Itaú Unibanco, Soares diz que o banco tem foco definido e o comprometimento da equipe de fazer um trabalho cada vez melhor.” No ano passado, o banco foi acompanhia que mais realizou encontros com acionistas no Brasil, com 22 reuniões da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais[ Apimec].”O superintendente destaca entre as ações de relacionamento com analistas o patrocínio à Expomoney – feira de eventos de educação financeira e investimentos pessoais. “O Itaú Unibanco participa neste ano de 11 edições da feira, se posicionando ainda mais perto dos investidores e profissionais de investimento e contribuindo para a divulgação de informações sobre a companhia.” O reconhecimento do bom programa de Relações com Investidores do Itaú Unibanco tem rendido prêmios como o IR Magazine Awards Brazil 2010(ver mais na reportagem da próxima página). “Ganhamos em duas categorias:melhor programa de Relações com Investidores de empresas large cap e melhor desempenho em RI por um CEO ou CFO, concedido ao presidente do banco, Roberto Setubal.” Ele destaca que, entre as práticas de RI do banco, as redes sociais também começam a ser canais de comunicação com os investidores (leia mais sobre o uso de redes sociais em RI na página 6 deste suplemento especial). “Fomos o primeiro banco a lançar um twitter específico para a área de RI, há quase um ano, e já temos 1,3 mil seguidores que incluem ONGs, associações de classe e sindicatos. Trata-se de um novo público, mais jovem, não ligado ao mercado de ações, mas que tem interesse no assunto”, comenta Soares.

Com relação ao uso das redes sociais como canal de comunicação com os investidores, Ricardo Florence, presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e diretor de RI da Marfrig, é mais reticente. “Não é um canal regulado e seus rumos ainda são indefinidos. O melhor é ouvir muito e procurar trilhar um caminho estratégico.” Florence destaca que a área de RI deve estar alinhada com a estratégia da empresa, divulgando e trazendo informações sobre as tendências de mercado. “É uma via de mão dupla”, analisa.

MAIOR ACESSO A MERCADOS

Florence acredita que a convergência contábil, o IFRS, vai ajudar as empresas a atrairem investimentos, aproveitando o bom momento que o país vive. A convergência é um desafio que vai permitir às empresas brasileiras acesso a mercados diferenciados como os da Ásia e Oriente Médio , afirma o executivo. O presidente do Ibri destaca que, mais do que nunca, os profissionais de RI devem ter profundo conhecimento da sua empresa, da sua área de atuação, do momento econômico e do mercado competitivo.

Nesse cenário, a sustentabilidade tem importante papel (leia mais sobre o assunto na página 8 deste suplemento).

Para atrair o investidor, o primeiro diferencial é o financeiro, mas empresas que não se preocuparem com a sustentabilidade, no longo prazo, terão condições piores de rentabilidade e atrativos , avalia o especialista.

Antonio Castro, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), diz que a convergência contábil deve facilitar a inserção internacional no mercado brasileiro de capitais. A contabilidade tradicional segue a forma de documento, e as normas IFRS refletem o conteúdo do balanço. Essa padronização torna o balanço mais fácil de ser entendido.

E isso é importante para a participação de investidores estrangeiros nas ofertas públicas de ações [IPO] no Brasil. Na avaliação de Reginaldo Alexandre, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais em São Paulo (Apimec- -SP), esses ajustes são necessários para que as empresas passem a trabalhar com um padrão transparente e mais acessível aos investidores, inclusive os estrangeiros.

Os RIs e as empresas estão bem equipados. Ainda há muito trabalho a fazer para a adaptação ao IFRS, são muitas normas, mas o processo está correndo normalmente. Quanto mais clara for a demonstração dos balanços e da situação da empresa, melhor para ela , conclui Alexandre.

Fonte: Brasil Econômico / Lourdes Rodrigues – 09/08/2010

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